A Religião e o movimento do social em Marx e Engels

Autores

  • Juliano Cordeiro da Costa Oliveira Universidade Federal da Paraíba

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.vol16i37.6703

Palavras-chave:

Religião, Social, Marx, Engels, Secularismo

Resumo

O artigo investiga o tema da religião em Marx e Engels a partir da hipótese de que a religião conteria uma multiplicidade de perspectivas sociais e ideológicas. A novidade trazida por Marx e Engels transcende o debate tradicional entre secularismo versus religião, apontando que tudo isso só pode ser pensado com uma crítica à sociedade civil burguesa, às suas instituições, bem como ao modo capitalista de produção da vida material. Tradicionalmente, o fenômeno da secularização é entendido como aquele que reduziu ou restringiu o discurso religioso à esfera privada, em que a religião não teria mais força de mobilização política, com o avanço da modernidade e da democracia. A sobrevivência da religião na modernidade não significa, porém, em Marx e Engels, um desvio da secularização na história moderna, uma traição ao Iluminismo ou mesmo um antagonismo em relação à emancipação política. Ao contrário, ela é consequência de uma secularização que não enfrentou as contradições de uma sociedade capitalista. A religião, em Marx e Engels, possuiria uma dinâmica complexa maior do que tradicionalmente se pensa; ela se constituiria a partir dos diversos contextos, ora sendo uma esfera conservadora, ora progressista ou revolucionária. Se Marx, primeiramente, afirmou que a religião seria o ópio do povo, ela é, ao mesmo tempo, segundo o próprio Marx, a revolta contra a miséria real do mundo. Além disso, como demonstra Engels, os camponeses e anabatistas, liderados por Thomas Münzer, pretendiam estabelecer o paraíso cristão na terra, por meio de uma crítica à sociedade burguesa e capitalista, através dos ensinamentos teológicos da Bíblia cristã, indo contra o protestantismo de Lutero e ao catolicismo dominante. Nesse contexto, a religião, para Marx e Engels, possuiria uma complexidade, uma dinâmica social, ampla e aberta às possibilidades da história.

Biografia do Autor

Juliano Cordeiro da Costa Oliveira, Universidade Federal da Paraíba

Doutor em Filosofia (UFC, 2017)

Professor do Departamento de Filosofia (UFPB)

Professor do PPG Filosofia (UVA)

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Publicado

21-07-2025

Como Citar

OLIVEIRA, Juliano Cordeiro da Costa. A Religião e o movimento do social em Marx e Engels. Pensando - Revista de Filosofia, [S. l.], v. 16, n. 37, p. 166–175, 2025. DOI: 10.26694/pensando.vol16i37.6703. Disponível em: https://www.periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/6703. Acesso em: 13 ago. 2025.

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