GRUPO ESCOLAR DE ILHÉOS E O PROJETO REPUBLICANO: DEBATE POLÍTICO SOBRE O USO SOCIAL DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR
DOI:
https://doi.org/10.26694/caedu.v7i1.6435Palavras-chave:
História da Educação, Grupo Escolar de Ilhéos, Instrução primária, ImprensaResumo
Este trabalho visa analisar o debate político oriundo da criação do Grupo Escolar de Ilhéos a partir do acervo consultado no Centro de Documentação e Memória Regional da Universidade Estadual de Santa Cruz (CEDOC/UESC), para compreender, à luz da História da Educação, os discursos que se apresentavam na imprensa no período de sua construção, inauguração e funcionamento. O interesse desta pesquisa se dá pela investigação acerca do projeto de educação republicano que traz consigo a reorganização da instrução primária via Grupos Escolares. Em Ilhéus, esse contexto se apresenta a partir da criação do Grupo Escolar de Ilhéos (1915), configurando-se como o segundo da Bahia. Os estudos de Nagle (2001), Almeida (2018), Vidal (2006) e Carvalho (2015) foram fundamentais para analisar o debate sobre a educação republicana no Brasil e na Bahia. A partir dos estudos de Souza e Faria Filho (2006), Bencostta (2005) e Monteiro (2017) foi possível analisar o projeto de instrução primária na Bahia e Ilhéus, via Grupo Escolar. Trata-se de uma pesquisa documental, de cunho exploratório, tendo como principais fontes o Jornal de Ilhéos 1914-1919 e Correio de Ilheós 1921-1930. A análise apoiou-se no método indiciário elaborado por Ginzburg (2014). Os procedimentos descritos permitiram analisar aspectos da trajetória política de Ilhéus, as intencionalidades formativas presentes na arquitetura escolar e levaram a compreender o GE como um símbolo da História da Educação do município, sendo esse um espaço de sociabilidade. Debateu-se sobre a urgência da preservação patrimonial deste prédio escolar de quase 110 anos, que atualmente se encontra fechado e em estado deplorável, abrigando a biblioteca e arquivo público do município.
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