Páthos e disposições fundamentais

As Tonalidades Afetivas na Fenomenologia de Heidegger

Autores

  • Nathalia Claro Moreira UERJ
  • Fabricio Santiago Almeida UFMS

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.vol16i37.5768

Palavras-chave:

Tonalidades afetivas, Páthos, Heidegger, Aristóteles

Resumo

O presente artigo propõe uma análise fenomenológica das tonalidades afetivas no pensamento de Martin Heidegger. Em oposição à abordagem tradicional das ciências ônticas, a fenomenologia heideggeriana investiga a relação entre os afetos e o Dasein como condição essencial para a experiência de mundo, explorando a maneira pela qual o Dasein se revela em sua manifestação imediata, ontologicamente disponível ao estar-afetado. Para acessar o significado de Stimmung em Heidegger, o estudo rastreia a origem do termo grego páthos em Aristóteles e a apropriação feita por Heidegger em suas preleções de 1924, culminando na analítica existencial desenvolvida em Ser e Tempo. Em seguida, o artigo explora como a temática dos afetos foi reorientada na virada de Heidegger, especialmente em sua radicalização da história do ser, conforme exposto nas preleções de 1929 e em Contribuições à Filosofia:do Acontecimento Apropriador. Conclui-se que Heidegger, a partir de sua leitura de Aristóteles, reconheceu o páthos como base de sua hermenêutica, vendo-o como o solo originário do logos, que dinamiza o Dasein em sua existência histórica e mundana. Em sua fase tardia, Heidegger reorientou a analítica dos afetos, compreendo que estar disponível aos afetos é um encontro fundamental com o seer, que alterna entre retraimento e doação. No âmbito do pensamento onto-historial, Heidegger trouxe discussão do estar-afetado para um campo mais originário, analisando a estrutura da atmosfera existencial em que o seer é historicamente afinado por uma tonalidade afetiva fundamental (como o tédio profundo que caracteriza a era da maquinação) e aberto como horizonte de manifestabilidade dos entes na totalidade.  

Biografia do Autor

Nathalia Claro Moreira, UERJ

Graduada em História pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Graduada em Filosofia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Mestra em Educação pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (PPGE/UFMS). Doutoranda em História pela Universidade Federal da Grande Dourados (PPGH/UFGD). Doutoranda em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/PPGFIL). Editora-chefe da Revista Eletrônica História em Reflexão (REHR).

Fabricio Santiago Almeida, UFMS

Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Doutor em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor adjunto do curso de Filosofia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Coordenador do curso de Filosofia (UFMS/FACH). 

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Publicado

21-07-2025

Como Citar

MOREIRA, Nathalia Claro; SANTIAGO ALMEIDA, Fabricio. Páthos e disposições fundamentais: As Tonalidades Afetivas na Fenomenologia de Heidegger . Pensando - Revista de Filosofia, [S. l.], v. 16, n. 37, p. 261–276, 2025. DOI: 10.26694/pensando.vol16i37.5768. Disponível em: https://www.periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/5768. Acesso em: 11 ago. 2025.

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