Uma árvore não faz a floresta
a noção de pessoa na antropologia das religiões de matriz africana no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.26694/rer.v7i1.5961Resumo
A problemática do ser, da pessoa ou do indivíduo, jamais deixou de preocupar o Ocidente, entretanto, não se poderia afirmar que tal preocupação é central, ao menos não da mesma forma, para toda e qualquer sociedade. Ao mesmo tempo, se a compreensão varia dentre os povos, ela é ainda mais diversa entre os antropólogos. Buscando escapar a um olhar evolucionista e universalista, um “etnocentrismo transvestido de individualismo”, e de uma noção meramente relativista, que “pressupõe um referente fixo, absoluto, em torno do qual se processariam variações devidamente limitadas” (Goldman 1999a: 22), o presente ensaio investigará caminhos que se delinearam na antropologia das religiões de matriz africana sobre as noções de pessoa, percebendo que em diferentes contextos, de formas e intensidades diversas, aproximam-se de uma ontologia em que “o eu torna-se residual e múltiplo, desterritorializando todas as identidades precariamente constituídas numa multiplicidade de passagens” (Anjos 2008: 85), e ao mesmo tempo, de uma filosofia do existir em que “nada acontece dissociado de outro fato: Penso, sou a consequência do meio, Existo porque o outro existe” (Vallado apud Soares 2014: 146), em relação, multiplicidade e confluência.
Referências
Doutoranda em Antropologia Social no Museu Nacional, UFRJ. Trabalha com antropologia da política e da religião com povos tradicionais de matriz africana e afroindígena, e movimentos sociais no campo. Realizou sua pesquisa de mestrado em um quilombo contemporâneo no sul da Bahia (2020) e hoje sua pesquisa de doutorado é junto a comunidades negras da Costa Chica de Guerrero e Oaxaca, no Pacífico mexicano.